Entrevista com Lúcio Flávio

21.12.2008 22:33

Quando esteve no Rio para se despedir da torcida Alvinegra, Lúcio Flávio concedeu a entrevista abaixo.

 

O que te fez deixar para trás toda a estabilidade que tem no Botafogo, como ídolo, e apostar em um novo desafio?

Aqui no Brasil, deixam para resolver as coisas no último momento. Meu contrato ia acabar dia 31 de dezembro e desde junho eu poderia ter feito um pré-contrato. Ao longo do ano, o Botafogo veio conversar, mas não existiu uma proposta para renovação. A partir do momento em que a temporada acabou, outras ofertas surgiram. Dentro de uma situação que todos sabem das condições financeiras do clube, que não é das melhores, acabam surgindo coisas melhores.

Mas em certos momentos você revelou o desejo de permanecer. Foi mesmo a questão financeira que o fez mudar de idéia?

Em todos os momentos, eu manifestei o desejo de ficar. só que eu tinha que definir a vida. Esperei, mas quando o Botafogo me procurou tinha outras situações. Não podiam deixar para a última hora. Sentei, analisei a possibilidade, mas tive que pesar que estamos de férias e com três meses de salários atrasados. Isso é difícil. Muitos jogadores passam por dificuldade. Mesmo com história no clube, só isso não me faz honrar meus compromissos

 

Depois de três anos você deixa um Botafogo como um clube muito mais forte do que quando chegou. Dá satisfação saber que fez parte deste processo de reestruturação?

Isso tudo é fruto de trabalho duro de todos ao longo desses anos. De pessoas que demonstraram uma grande capacidade. Foram atletas que honraram a camisa e fizeram do Botafogo novamente um clube respeitado. Minha história foi bem interessante, com mais de 150 jogos e 50 gols, mesmo com sete meses parado por lesão. Talvez por isso, as pessoas sintam a minha saída, mas compreendam.


Dá para perceber sua emoção ao falar da saída do clube. Já sente saudades?

Quando estava saindo do Rio, minha esposa até perguntou se eu não queria voltar. Ela me viu com uma cara triste. Todos sabem do carinho que tenho pelo clube. O coração e a emoção pediam para permanecer. Mas tenho que olhar também pela razão. A relação sempre vai ser boa. As portas permanecem abertas.

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